terça-feira, 19 de abril de 2011

A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA: UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA EDUCAÇÃO DE ADULTOS

Ângela da Silva Leonardo – UTFPR, angela.sil77@hotmail.com
Francielle da Silva França – UTFPR, fhancy@hotmail.com




RESUMO:


O presente trabalho pretende destacar uma abordagem didática pedagógico para a educação de adultos, tendo como A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA: UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA EDUCAÇÃO DE ADULTOS

metodologia a Pedagogia Histórico-Crítica, ao discutirmos a problemática da educação percebemos que a educação de adultos precisa ser pensada numa perspectiva que alcance as necessidades dos educandos, só assim teremos êxito, neste sentido, vimos a necessidade de explorar a proposta de Gasparin como uma metodologia para que educador e educando-adulto alcance a consciência crítica, sempre enfatizando o diálogo como principal instrumento metodológico. A construção desta consciência crítica é de suma importância para a vivência em sociedade, pois se faz necessário que os alunos sejam sujeitos, e se tornem críticos para discutir suas experiências e para saber a origem dos problemas que vivenciam e assim procurar solucioná-los. Através da metodologia de Gasparin, é possível colocar em prática a construção do conhecimento significativo e crítico em todas as áreas do conhecimento, sempre partindo das vivências dos educandos que já atuam como sujeitos ativos na sociedade.


Palavras-chave: Leitura, Histórico-Crítica, Educador.


1 INTRODUÇÃO


Este artigo pretende abordar a temática da educação num sentido emancipador, no qual possibilita ao educando uma visão crítica de seu papel enquanto sujeito. Para isto faz se necessário apresentarmos um pouco da história das pedagogias, pois a Educação já passou por muitos momentos históricos dos quais se exigiam posições diferenciadas, na Educação Tradicional, por exemplo, o aluno era considerado um papel em branco que o professor teria que preencher com conhecimento. Já no Ensino Tecnicista a intenção era educar para o trabalho, para ter disciplina, pontualidade. Hoje, exige-se que sejam formados sujeitos críticos com voz ativa na sociedade, e cabe ao educador ser crítico e instigar o aluno a ser pesquisador, nesta perspectiva buscamos uma fundamentação teórica nas tendências críticas de Paulo Freire que discute o papel do professor enquanto agente transformador, e de Gasparin, que nos apresenta uma metodologia de ação e de valorização do educando, a partir destas teorias abordaremos a função que o educador possui na formação do aluno, se é de responsabilidade do professor educar numa visão crítica, ou o educador está isento desta responsabilidade. Acreditamos que o educando-adulto é um ser ativo na sociedade e interfere nesta, neste sentido a base para a sua formação deve ser uma educação crítica que possibilite a emancipação do aluno enquanto sujeito transformador da sua própria história.
Outra abordagem são os desafios para uma educação voltada para jovens e adultos, nesta temática da educação de adultos, a aprendizagem precisa contribuir para que as pessoas que fazem parte desta sociedade estejam presentes e contribuindo na construção dessa história e não apenas se sintam representados nela. Assim, o educador precisa ter consciência de sua função e de se assumir enquanto ser social-pensante para possibilitar aos seus alunos esta visão crítica de valorização do sujeito.
Observando a desenvolvimento educacional brasileiro, percebemos um pequeno crescimento educacional, isto mostra que educar não é tarefa fácil e é um dever de todos, mas para o educador é mais que um dever precisa ser uma opção, no sentido de o ensinar-crítico não é simplesmente transmitir conhecimento, mas é a compreensão e a valorização dos sentimentos e dos alunos enquanto sujeito desta história,
Considerando que o aluno é membro de uma sociedade e que ele ajuda na tomada de decisões desta sociedade, ele é então um cidadão ativo que trabalha que consome, mas será que esse cidadão tem consciência e sabe exigir seus direitos com uma boa argumentação? Compete ao educador definir e praticar o método crítico de educação de adultos, pois a história da Educação Brasileira já percorreu um enorme caminho e hoje percebemos que a educação tradicional deixou fortes marcas em nossa sociedade na qual as pessoas vivem com medo de se expressarem e de exigir seus direitos enquanto cidadãos.
Portanto, o presente trabalho servirá para uma reflexão sobre a educação e o educador, buscando apresentar um pouco da teoria de Paulo Freire e Gasparin, sendo Freire um dos maiores pensadores da educação, serve-se de uma teoria progressista de valorização do sujeito enquanto ser social, histórico e político, por isso capaz de transformar o meio.


1 COMPETE AO EDUCADOR PRATICAR UM MÉTODO CRÍTICO DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS QUE DÊ AO ALUNO A OPORTUNIDADE DE ALCANÇAR A CONSCIÊNCIA CRÍTICA INSTRUÍDA DE SI E DE SEU MUNDO?


Educação é um direito de todos está na constituição federal, mas que educação será esta? A que dita regras e normas na qual os alunos têm que obedecer, ou uma educação emancipadora que vê o educando como um ser social capaz de se transformar e de transformar o meio. A educação é um instrumento fundamental para o desenvolvimento do cidadão, desenvolver uma consciência crítica no educando é um fator importante principalmente no contexto da educação de adultos, porém resta-se uma questão: Compete ao educador praticar um método crítico da educação de adultos que dê ao aluno a oportunidade de alcançar a consciência crítica instruída de si e de seu mundo? Para responder este questionamento pensamos na afirmação de Freire, (2002, pg. 41) “assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante, transformador criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque é capaz de amar”. Neste trecho, Freire apresenta a importância de assumir-se como ser social, um ser crítico, portanto o educador precisa assumir este papel e acreditar que é um ser transformador capaz de gerar sonhos e de propiciar meios para o desenvolvimento crítico do educando.
Vivenciamos na Educação Crítica, na qual o educador antes de tudo deve ouvir seus alunos para perceber qual a relação dele com o mundo, quais as principais necessidades desse educando e entender como ele aprende.


Como educador preciso ir “lendo” cada vez melhor a leitura de mundo que os grupos populares com quem trabalho fazem de seu contexto imediato e do maior de que o seu é parte. O que quero dizer é o seguinte: não posso de maneira alguma, nas minhas relações político-pedagógicas com grupos populares, desconsiderar seu saber de experiência feito. Sua explicação do mundo de que faz parte a compreensão de sua própria presença no mundo. E isso tudo vem explicitado ou sugerido ou escondido no que chamo “leitura de mundo” que precede sempre a “leitura da palavra”. (FREIRE, 1996, pág. 81)


Nesta perspectiva o ensinar-crítico torna-se um desafio na realidade do ensino de adultos, pois ao mesmo tempo que este possibilita uma formação para jovens, também abrem portas para a formação daquelas pessoas que por vários motivos ficaram afastadas da escola, esta disparidade de conhecimento pode muitas vezes ser crucial para a aprendizagem, assim o professor precisa estar preparado para estabelecer estratégias diferentes que atendam as necessidades dos estudantes, e possibilitar ao aluno uma visão crítica, consciente de seu papel enquanto ser social, para que consiga adquirir uma compreensão da importância do querer pensar, do querer se assumir enquanto sujeito desta história capas de refletir e de perceber o poder transformador que a educação pode lhe proporcionar. Estes são um dos objetivos da educação-crítica desenvolver no educando um ser pensante capaz de transformar sua visão em relação ao mundo e de transformar o mundo e não simplesmente fazer parte deste.
O Professor precisa ser crítico de sua própria prática, precisa avaliar-se e para que o aluno possa agir como agente transformador ele precisa primeiramente analisar suas próprias atitudes e avaliá-las.“Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.” (FREIRE, 1996)
Além disso, o educador precisar ter ciência de que ensinar não é transferir conhecimento nem dar respostas prontas, e sim mediar à construção do conhecimento, instigar o aluno a ter vontade de buscar e aprender e proporcionar meios para que isso aconteça. “O fundamental é que professor e aluno saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos”. (FREIRE, 1996, pág.86)
As Diretrizes Curriculares (2009) apresenta que “um sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo a partir do modo como o compreende”, esta frase reforça a visão de que o educador é papel principal para que o desenvolvimento crítico, político e social do aluno e na medida em que o aluno toma consciência do seu papel enquanto sujeito é capaz de entender e de transformar sua visão de mundo. Neste aspecto, a educação é um processo de formação do homem, como afirma Pinto apud (Bildung, pg. 30),


[...] educação é formação (Bildung) do homem pela sociedade, ou seja, o processo pelo qual a sociedade atua constantemente sobre o desenvolvimento do ser humano no intento de integrá-lo no mundo de ser social vigente e de conduzi-lo a aceitar e buscar os fins coletivos. Pinto apud (Bildung, pg. 30)


Portanto, ao pensar sobre a educação e o educador, é necessário servir-nos da teoria e do pensamento de Freire que valoriza o sujeito enquanto ser social, histórico e político, por isso capaz de transformar o meio. E nesta perspectiva que o educador de jovens e adultos tem que estar inserido, pois a partir do momento que ele compreende seu papel enquanto agente desta história consegue transmitir aos seus alunos esta visão e valorizá-los enquanto sujeito presente neste mundo
O diálogo entre professor e aluno é o principal instrumento metodológico do educador, pois através do diálogo percebe-se a evolução do pensamento e das atitudes do cidadão com relação ao mundo em que vive.
Para auxiliar os alunos a alcançar a consciência crítica o professor deve colocar em prática um método crítico que considere as diversidades dos seus alunos, considerando sempre esses aspectos que diferenciam uns dos outros em seus diálogos e atividades, uns sempre aprendem algo com os outros e juntos pesquisam para transformar seu conhecimento prévio em conhecimento científico.


Assim, o que compete ao educador é praticar um método crítico de educação de adultos que dê ao aluno a oportunidade de alcançar a consciência crítica instruída de si e de seu mundo. Nessas condições ele descobrirá as causas de seu atraso cultural e material e as exprimirá segundo o grau de consciência máxima possível em sua situação. (PINTO, 1983, p. 84).


Álvaro Vieira Pinto, 1982 afirma ainda em sua obra que “O educando adulto é antes de tudo um membro atuante da sociedade. Não apenas por ser um trabalhador, e sim um conjunto de ações que exerce sobre um círculo de existência”. O aluno adulto tem sua família, sua religião, seu emprego, seu grupo de amigos e seus valores e através da educação isso tudo pode ser consolidado ou modificado, mas ele já tem muitas páginas escritas em seu livro que é a vida, essas páginas não podem ser apagadas, mas podem ser reescritas de maneira diferente.


2.1 A METODOLOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA NA EDUCAÇÃO DE ADULTOS.


Como dissemos anteriormente a educação e um processo importante para o desenvolvimento humano, estamos sempre aprendendo e ensinando, este processo dialético da aprendizagem se forma na convivência, é na troca de experiências sociais que adquirimos conhecimentos, observando este processo, e pensando na educação de adultos é importante ressaltar que o educando adulto é um ser pensante e atuante na sociedade e traz experiências e conhecimentos elaborados na sua convivência, familiar, religiosa e política. Perceber que o adulto tem um saber construído, e que este faz parte do saber adquirido e por isto pode ser difícil de aceitar mudanças, faz se necessário pensarmos em uma metodologia que faça este aluno repensar, refletir sobre a necessidade de adquirir novos conhecimentos e despertar uma consciência crítica da realidade a qual está inserido, valorizar seu conhecimento sem impor conteúdos, mas construir a partir da sua realidade social é compreender a forma dialética na qual a aprendizagem é elaborada.


Sendo assim, o conhecimento se origina na prática social dos homens e nos processos de transformação da natureza por eles forjados. [...] Agindo sobre a realidade os homens a modificam, mas numa relação dialética, esta prática produz efeitos sobre os homens, mudando tanto seu pensamento, como sua prática [Gasparin apud Corazza, 2011, p. 4)


Nesta perspectiva o conhecimento se faz na ação e na prática, o adulto como trabalhador e como líder de sua comunidade, muitas vezes não percebe que a educação formal pode contribuir para aprimorar seus conhecimentos e assim colaborar ainda mais com o desenvolvimento da sua comunidade e de sua família. Neste sentido, a educação de adultos deve ser pensada como uma proposta na qual o educando-adulto perceba a importância de aprimorar-se, sendo assim o norte deve ser sua realidade social, por isto pensamos na “Pedagogia Histórico-Crítica” que tem como objetivo desenvolver o conhecimento do educando a partir dos seus próprios saberes, valorizando-os e transformando o senso comum em conhecimento científico.
Para um estudo mais elaborado sobre a metodologia Histórico Crítica na educação de adultos utilizamos a obra de Gasparin, Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. Nesta proposta, o professor tem um papel fundamental e se torna cada vez mais indispensável na formação humana, de caráter social, político e pessoal, mesmo na era tecnológica o professor faz-se indispensável, pois deixou de ser o transmissor de conhecimento e passou a ser o mediador da construção do conhecimento.
Pensando assim, o professor utilizando a metodologia Histórico-Crítica parte do que os alunos já conhecem sobre o conteúdo, ou seja, seu senso comum, para que isso ocorra a educação deve ter como instrumento principal de apoio pedagógico o diálogo, pois os alunos podem expor e compreender alguma ligação do conteúdo com sua experiências ou com algo relacionados a sua vida cotidiana. O professor realiza a Prática social Inicial a partir dos conhecimentos adquiridos dos educandos, segundo Gasparin, essa prática se inicia no momento em que seus alunos apresentam-se na sala no primeiro dia de aula, ou quando o professor se interessa em conhecer a cada um de seus alunos, seus objetivos, perspectivas o que o trouxeram à escola, como fizeram para chegar ali.
Acreditamos na possibilidade de integrar os conteúdos aos interesses dos educandos, as suas necessidades sociais e responder suas expectativas do dia a dia, ou seja, esta visão sobre a educação necessita que a transformação do saber adquiridos dos alunos para o saber formal deve ser dialético, esta aquisição ocorrerá quando perceberem que o que está adquirindo na sala de aula esta sendo útil na sua vida, sabendo que “[...] a responsabilidade do professor aumentou, assim como a do aluno. Ambos são co-autores do processo de ensino-aprendizagem, juntos devem descobrir a que servem os conteúdos científico-culturais propostos pela escola”.(GASPARIN, 2011, pág. 2)
Devemos pensar que o foco da aprendizagem dos educandos adultos é seu meio social, possibilitá-los de uma leitura crítica de sua realidade é oportunizá-los a um novo rumo em busca de novas experiências e novas aprendizagens, por isto ao apresentar os conteúdos ou temas o professor deve utilizar de recursos motivadores, slides, fotografias, textos, poesias, isto deve ser utilizado com a intenção de chamar a atenção do aluno, de instigá-lo e desequilibrá-lo, gerando assim a curiosidade e a vontade de buscar cada vez mais. Esse desequilíbrio gera um problema, e cabe ao professor mediar seus alunos a pesquisar e buscar soluções, resoluções e respostas para os problemas levantados pelo grupo.


Os “principais problemas” são as questões fundamentais que foram apreendidas pelo professor e pelos alunos que precisam ser resolvidas, não só pela escola, ou na escola, mas no âmbito da sociedade. A problematização tem como finalidade selecionar as principais interrogações levantadas na prática social a respeito de determinado conteúdo. Essas questões com os objetivos de ensino, orientam todo o trabalho a ser desenvolvido pelo professor e pelos alunos. (GASPARIN, 2011, pág.34)


Neste âmbito, a problematização é o momento na qual o aluno começa a perceber os vários aspectos dos quais os conteúdos podem ser desenvolvidos, o professor deve filtrar as informações e perceber quais conteúdos são importantes para aquela prática social, considerando que os conteúdos são elaborados por órgãos que se baseiam em uma realidade, que muitas vezes está longe da realidade dos educandos-adultos, o professor precisa fazer este levantamento dos saberes elaborados que serão relevantes para a aprendizagem e de uma forma dialética oportunizar este conteúdo cientifico sem desconsiderar o conceito prévio dos alunos. Consideramos assim que a metodologia histórico crítica pode ser trabalhada com conteúdos interdisciplinares ou transdisciplinares, sendo que um mesmo tema pode gerar vários problemas em diversas áreas do conhecimento, sendo assim, o planejamento deveria ser coletivo, os professores de todas as disciplinas realizariam seu planejamento juntos, para através do mesmo tema trabalhar todas as áreas do conhecimento.


A problematização é o fio condutor de todo o processo de ensino-aprendizagem. Todavia, este momento é ainda preparatório, no sentido de que o educando, após ter sido desafiado, provocado, despertado e ter apresentado algumas hipóteses de encaminhamento, compromete-se teórica e praticamente com busca da solução para as questões levantadas. O conteúdo começa a ser seu. Já não é mais apenas um conjunto de informações programáticas. A aprendizagem assume, gradativamente, um significado subjetivo e social para o sujeito aprendente. (GASPARIN, 2011, pág. 47)


Após levantar questões na Prática Social Inicial e organizá-las na Problematização o professor pode assim elaborar seus encaminhamentos metodológicos, na qual ele organiza a maneira que os conteúdos serão apresentados ou pesquisados, quais serão as atividades aplicadas. “A instrumentalização é o caminho através do qual o conteúdo sistematizado é posto a disposição dos alunos para que o assimilem e o recriem e, ao incorporá-lo, transformem-no em instrumento de construção pessoal e profissional ”(GASPARIN, 2011, pág. 51). Gasparin 1996, ainda afirma que os conteúdos e conhecimentos que os educandos vão adquirindo ou reconstruindo, não devem ficar apenas no que é proposto nos livros didáticos e programas de ensino devem ir muito além da estrutura social, política. Por isso ele não deve ser apenas transmitido, ele deve ser indagado, ele deve permitir ao educando construir uma nova postura mental sobre os fatos que acercam a sociedade.
O professor como mediador deve selecionar e buscar meios e instrumentos para auxiliar na construção do conhecimento científico dos seus alunos, estes precisam de meios que prendam sua atenção e que despertem a curiosidade e vontade de ir além daquilo que já sabem, por isso o papel do educador é oportunizar e encaminhar o educando para refletir e criar uma consciência crítica e ir construindo seus saberes até alcançar uma consciência mais elaborada, como afirma Pinto é importante aprender o “saber letrado”, mas este saber só vale se este possibilitar ao educando “chegar a saber. “É o saber para chegar a saber, para o mais saber. [...]. (PINTO, 2005, P.85) [...], só assim o educando terá condições de transpor seu conhecimento adquirido em saber formal e avançar em busca de novos saberes, neste sentido, o uso das tecnologias se faz necessário cada vez mais, uma vez que no mundo informatizado que vivemos, o educando tem muita informação e é necessário que o professor exerça a função de mediador na utilização dessas tecnologias de maneira correta e eficiente. Para Castell (1999, p. 57), “As novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de instrumentos. A comunicação medida por computadores gera uma gama enorme de comunidades virtuais”. É preciso entender que esse novo mundo digital expressa uma realidade ainda não compreendida por uma fração grande da população.
Assim com a Catarse o educando é capaz de perceber se ocorreu alguma mudança em seu pensamento, ou em sua aprendizagem, percebe se o seu senso comum foi construído em saber científico, é quando o educando apresenta de maneira simplificada o que aprendeu e como se deu esse processo, consegue perceber os problemas levantados e as conclusões ou resoluções destes, assim “A Catarse é a síntese do cotidiano e do científico, do teórico e do prático a que o educando chegou, marcando sua nova posição em relação ao conteúdo e à forma de sua construção social e sua reconstrução na escola.” (GASPARIN, 2011, p. 124). Nesta fase, o educando percebe que o conteúdo antes visto de forma “ingênua” agora é processado como algo concreto, e que não foi despejado pelo professor, mas foi construído a partir das necessidades sociais estabelecida, Gasparin afirma ainda que, é importante saber o porquê deste conteúdo e qual a necessidade deste para a sociedade atual. Pensando na educação de adulto a catarse é um momento crucial da aprendizagem, pois diferente da criança que está pré-disposta a aprender, o educando-adulto é desconfiado, por possuir um saber construído socialmente é muito mais difícil de aceitar o saber cientifico, nesta proposta, ele vai construindo e transformando seu saber, consegue perceber como se deu este processo e assim aceitar novos conceitos.
Avaliação entra aqui como uma reflexão para o educando e para o educador, o que faltou a ser explorado, o que compreendeu e como pode melhorar a maneira de abordar certo conteúdo? Questões que cada um deve fazer a si mesmo, tanto, educador quanto educando, assim o processo de avaliação não é punitivo e sim reflexivo com o intuito de melhorar o processo de ensino aprendizagem. No tocante à educação de adultos a avaliação é um processo muito especial, pois trata-se de alunos que já possuem uma experiência de vida que em alguns casos é até maior do que a do professor e é isso o diferencial nessa modalidade de ensino. Assim a avaliação deve possibilitar ao aluno que reelabore o conhecimento adquirido sem menosprezar as experiências vividas pelo educando.
Na Prática Social Final dos conteúdos se dá a partir do momento que educando transfere a teoria adquirida para a prática social, ou seja, quando o educando consegue perceber a teoria aprendida dentro de seu dia-a-dia, mas o professor não esta junto com seus educandos o tempo todo, então é necessário que o educador proporcione situações em que o aluno possa visualizar e perceber a que o conteúdo por ele aprendido é importante.
O educando assim se assume como ser atuante e importante dentro da sociedade, pois é um cidadão capaz de expor suas opiniões, e refletir sobre suas ações. O educador-adulto por fazer parte da atual sociedade, está inserido no universo de tecnologia e de mudanças no mundo do trabalho, mesmo não o compreendendo em seu movimento real. Compreende, no entanto a necessidade de retornar ao banco escolar, porque percebeu que é o melhor meio de interagir com o mundo do trabalho.


A proposta de planejamento, dentro da perspectiva histórico-crítica, deveria ser iniciada e realizada com base em problemas sociais existentes na comunidade e na sociedade. Todavia, essa linha de raciocínio torna-se inviável por causa da estrutura organizacional da maioria das escolas de ensino fundamental, médio e mesmo de ensino superior. Normalmente, os conteúdos são definidos antes do início do ano letivo, sem saber ainda quem serão os alunos, nem suas condições sociais ou suas necessidades. Por isso é recomendável iniciar e desenvolver a tarefa com base na realidade existente nas escolas. (GASPARIN, 2011, pág.149)


Quando falamos em educação de adultos não podemos esquecer que estes, muitas vezes têm que superar dificuldades, resistências familiares, suas angústias, medo de fracassar, e as dificuldades de entender o discurso pedagógico internalizado nos professores e ainda, a falta de uma estrutura pedagógica para atender esses cidadãos que estão voltando aos bancos escolares. Neste sentido, a proposta por nós abordada é que ao trabalhar com essa metodologia, já que os conteúdos a serem trabalhados foram definidos anteriormente, seria importante fazer uma relação dos conteúdos com temas da realidade dos alunos, e ainda ao elaborar os planejamentos pensar que “Cada unidade é um miniprojeto de trabalho que, junto aos de outras unidades, constitui o plano integrado da disciplina” (GASPARIN, 2011, p, 150). Nesta visão, o professor poderá identificar uma maneira de transpor o conteúdo elaborado de uma maneira que atenda as necessidades sociais dos educandos, para que isso ocorra educador e educando precisam dialogar e assim ambos se complementarão e iniciarão uma parceria cujo objetivo central é a construção do conhecimento de forma prazerosa e significativa.
A educação tem sido vista como a salvação de tudo, mas a educação não é salvação de nada sem que os indivíduos percebam a importância dela na sociedade, pois enquanto os alunos forem para escola obrigados pelos pais, ou pela empresa que exige uma formação mínima, a educação não irá fazer diferença nenhuma na sociedade. A educação precisa ser prazerosa e a sociedade, os educandos e educadores precisam saber defender o porquê ela é importante, o que ela vai mudar em sua vida além do salário? É importante defender que a educação tem sua importância para se viver em sociedade, para ser cidadão, aquele que atua com críticas construtivas e não com a crítica pela crítica, pois a partir do momento que a crítica vem acompanhada com uma solução para o problema, ou uma maneira de solucioná-lo ela passa a ser construtiva, e para desenvolver essa críticidade a educação é de suma importância.


[...] O homem dialógico, que é crítico, sabe que, se o poder de fazer, de criar de transformar, é um poder dos homens, sabem também que podem eles, em situação concreta, alienados ter esse poder prejudicado. Esta possibilidade, porém, em lugar de matar no homem dialógico a sua fé nos homens, aparece a ele, pelo contrário, como um desafio ao qual tem de responder. Está convencido de que este poder de fazer e transformar, mesmo que negado em situações concretas, tende a renascer. Pode renascer. Pode constituir-se. Não gratuitamente, mas na e pela luta por sua libertação. [...] (FREIRE, 1983, pág.96)


Para que a educação brasileira mude seu cenário os sujeitos precisam aprender a solucionar problemas, buscar meios para solucioná-lo, pois a educação que a maioria da população tem recebido é aquela onde só se crítica por criticar e nada é feito para tentar solucionar. A população brasileira está acostumada a reclamar, precisamos enquanto educadores auxiliar nossos educandos a construírem argumentações e não lamentações pela vida que levam, levá-los a perceber que eles são agentes da própria história e que a sociedade só muda quando cada cidadão dá o primeiro passo que é questionar e não simplesmente aceitar.
Ser educador hoje não é tarefa fácil exige planejamento, investigação e determinação, o educador também precisa colocar em prática sua consciência crítica e perceber a diferença que suas ações fazem na sociedade, sendo que todas as pessoas são educadores e educandos, e estamos em constante processo de aprendizagem. Ensinar também é aprender, pois o educador precisa ser um eterno pesquisador.


Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 1996, pág.29)


O professor precisa se capacitar, ler pesquisas novas e também ler o mundo, pois o mundo está em constante processo de mudança, e os educandos através do professor aprendem a compreender as transformações que ocorrem através de sua época e de acordo com as necessidades políticas e sociais.
Cada vez mais se faz necessário uma educação dialógica, e há muito tempo se fala sobre esse assunto, esse é um problema que precisamos buscar meios para solucionar, nossa sociedade precisa reagir e buscar informações, para isso precisamos auxiliar os nosso educando a agir, pensar e dialogar de maneira crítica, só assim haverá transformação na sociedade, só assim a educação estará fazendo seu verdadeira papel de formar cidadãos críticos, curiosos, criativos e questionadores, ou seja, verdadeiros pesquisadores sobre a vida e seus obstáculos. Essa é a verdadeira educação crítica e libertadora a qual Freire e Gasparin se referem, o que falta é cada um fazer seu papel de educadores e sujeitos ativos e conscientes de sua importância como seres sociais e transformadores.


3 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Desenvolver a metodologia Histórico-Crítica na educação de adultos representa um desafio aos profissionais da educação, uma vez que para possibilitar um desenvolvimento crítico no educando o educador precisa tomar consciência e se propor a esta função, para isso precisa deixar claro o seu papel enquanto agente transformador, como diz Freire à ação do professor é de fundamental importância, valorizar o conhecimento do aluno é reconhecer nele um sujeito agente. Desse modo, Freire mostra não apenas uma opção de educação, mas uma opção de vida, valorizar o outro é contribuir para uma sociedade mais justa, menos violenta e voltada aos valores humanos.
Nesta perspectiva, o ser transformador atua e pratica a ação sem menosprezar o conhecimento do outro, valoriza o saber e a visão que o aluno possui sobre o mundo, e não simplesmente aplicar o ensino de conteúdos, é este educador que valoriza o conhecer e que busca uma emancipação crítica dos alunos, e que precisa estar atuante na sala de aula formando sujeitos praticantes da sua ação social.
Os conceitos trabalhados serviram como fundamento para apresentar como a pedagogia Histórico-Crítica pode orientar o professor a elaborar seu plano de aula valorizando as experiências do educando, e perceber que o educador tem um papel essencial na formação do sujeito, ter consciência deste papel é fundamental para a prática docente, é entender que a educação-crítica só será possível se educador tornar-se um ser social, transformando sua prática em ações concretas de valorização do educando enquanto sujeito, valorizando suas emoções e seus conhecimentos.


REFERÊNCIAS

CASTELL, Manuel. A Sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

DIRETRIZESCURRICULARESDOPARANÁ: acesso dia 04 de abril de 2011, http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/diretrizes_2009/out_2009/lingua_portugues.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: Em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez. 1986.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa. 24 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido – 13 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 5. ed. Rev., 1. reimp. – Campinas, Sp: Autores Associados, 2011. – (Coleção educação contemporânea).

PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. 14 ed. São Paulo: Cortez, 2005. (Introdução e entrevista de Demerval Saviani e Betty Antunes de Oliveira).

PISA 2010, Disponível em: http://www.oei.es/noticias/spip.php?article8006’ Acesso em 04/04/2011.

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