terça-feira, 26 de julho de 2011

ANÁLISE CRÍTICA DO TEXTO “QUANDO O DIRETOR É A ALMA DA EQUIPE” DE MARIA ELAINE A. CAMBRAIA.

Ângela da Silva Leonardo

Esta análise pretende discutir o papel do diretor nas escolas, tendo como base o texto de Maria Elaine A. Cambraia “Quando o Diretor é a alma da Equipe”. Neste texto a autora mostra que um diretor precisa mostrar liderança, e afirma que é difícil encontrar lideres e que felizmente isto não é um dom, mas é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Para esta afirmação ela se baseia em produções de alguns educadores que fazem capacitação de lideranças entre estes “Lorraine Monroe” que é considerada uma das melhores diretoras de escolas públicas nos Estados Unidos, e apresenta sete lições para que os diretores possam “fazer diferença na vida de sua escola”.

O texto citado apresenta alguns pontos positivos quando aponta para a necessidade de uma melhoria na relação dos profissionais das escolas, principalmente das escolas públicas, é comum e salutar a disputa política, mas muitas vezes esta interfere no desenvolvimento e nas praticas educacionais. Segundo o texto o diretor tem um papel fundamental de orientar a equipe a desenvolver um trabalho que atenda as necessidades do público alvo e da comunidade, e ele também o maior responsável em envolver a comunidade para que esta participe da vida escolar de seus filhos. Esta é uma das funções dos diretores buscar parcerias com os pais para o desempenho escolar dos filhos e talvez a principal função da comunidade é participar ativamente da vida escolar, porém isto muitas vezes não acontece, mas isto não pode ser encarado como falta de liderança, mas como uma questão social.
Partindo desse pressuposto é possível levantar outros pontos, o que contraria a afirmação levantada pela autora sobre a escassez de lideres. Analisando a primeira lição apresentada “O diretor-líder vai além do gerenciamento e coloca as pessoas em primeiro plano”, ao pensar nesta afirmação e relacionando com a situação educacional do Brasil percebe-se que não está tão escasso este perfil de lideres, pois se para ter liderança é preciso colocar as pessoas em primeiro plano, ou seja, a comunidade escolar, professores e alunos, este é talvez o trabalho dos diretores principalmente da rede pública, na qual enfrentam situações que estão além das suas funções e que mesmo assim não hesitam em resolvê-las. Uma situação comum na rede de ensino é a falta de estrutura física, como salas de aulas adequadas, onde em algumas regiões a situação é tão crítica que não há prédios para as crianças e ou alunos estudarem, tendo estes que dividirem o mesmo espaço com alunos maiores, ou outras vezes estudarem em condições precárias sem higiene alguma. Isto remete a quarta lição apresentada pela autora que diz :“O diretor-líder faz com que sua equipe sinta que tem poder para realizar e transformar”. “Em vez de lastimar e culpar Deus e o mundo pelos problemas da escola”. Se os diretores e professores destas regiões enfrentam esta situação e mesmo assim não desistiram, estão realmente sendo lideres, pois além de colocarem as pessoas em primeiro plano, ainda estão fazendo a diferença ao propor um trabalho de educação sem estruturas. Porém estas pessoas devem se calar perante esta situação e não culpar os responsáveis? Pelo contrário a liderança está não em assumir a responsabilidade para si, mas em cobrar do estado a responsabilidade perante a educação, não sugerir que o diretor para ser líder precisa assumir responsabilidades que não são suas, mas sim do poder público.

Esta prática de inverter as responsabilidades é comum da visão neo-liberal que projeta no outro o perfil ideal e responsabiliza àqueles na qual não se adequaram. Isto também está presente na sétima lição que diz: “O diretor-lider sabe fazer alianças, buscando promover mais e melhor aprendizagem na escola.” Ou seja, o “bom” diretor não é aquele que cobra do poder público suas responsabilidades, mas sim da comunidade, é claro que a comunidade tem sim sua parcela de responsabilidade que é educar seus filhos, acompanhá-los no desenvolvimento escolar, participar dos conselhos escolares, mas isto não retira a responsabilidade do estado que é dar educação de qualidade, promover o desenvolvimento cultural e o aprendizado de uma língua estrangeira moderna como está previsto na LDB no artigo 26. §5º. É dever sim do diretor-lider envolver a comunidade para que juntos pais, professores e alunos possam adquirir maior aprendizagem. É certo que quando os pais se envolvem e se preocupam com a educação formal dos filhos a possibilidade de um desenvolvimento escolar é grande, pois todos estão trabalhando pelo mesmo ideal, mas isto não quer dizer que a responsabilidade para o bom êxito será somente da direção ou da comunidade, e sim de todos principalmente do poder público, pois se cumprissem um terço do que lhe cabe como responsabilidade a situação educacional brasileira seria outra.