segunda-feira, 2 de maio de 2011

1º de Maio Dia do Trabalhador

O Dia do Trabalhador e a Educação

Valdair da Silva*
Marileuza Ascencio Miquelante**

Historicamente o 1º de Maio marca o dia da Luta pela redução da Jornada de trabalho e por melhores condições de trabalho, tais lutas ocorriam em várias partes do mundo, mas foi em 1889, em Paris, que os trabalhadores definiram esse dia como o marco para a luta pela jornada de 8 horas diárias de trabalho.

O trabalho é uma atividade essencialmente humana, por meio dela o homem constrói a si mesmo. Esse significado mais ampliado do trabalho, definido como princípio educativo é central para a educação. Ocorre que na sociedade marcada pela divisão social e técnica do trabalho, prevalece o sentido reduzido do trabalho como modo próprio de produção, que traz a marca de um modo próprio de produção, com o intuito de atender aos propósitos de uma sociedade capitalista.

A centralidade do trabalho, como ação criadora e determinante na organização da vida humana, é por vezes questionada por intelectuais a serviço do capital e de suas ideologias. Basta observarmos os aspectos mais simples do cotidiano das nossas vidas, que ali está expressa a marca do trabalho humano. Todos os objetos utilizados pelo homem para a execução de suas atividades desde as mais simples até as mais complexas são resultados do trabalho humano. No entanto, esses objetos parecem ter vida e poder de determinar o comportamento humano, este é o fetiche da mercadoria. Como exemplo, isso acontece quando se está no supermercado colhendo das prateleiras os produtos que precisamos, ali, naquele momento, diante de nós desaparece todo o trabalho humano e aparece algo, um produto, uma mercadoria com vida própria.

Ocorre que vivenciamos na atualidade um tipo específico de reorganização produtiva, em que milhares de trabalhadores são descartados ou sub-utilizados na elaboração de simples atividades marginais dos setores produtivos. Na produção e reprodução mundializada do capital se usa cada vez menos o trabalho estável e cada vez mais o trabalho part-time e terceirização. Tal processo é acompanhado do discurso da qualidade total que traduz a “superfluidade” da produção em geral (ANTUNES, 2005).

Nesse modelo de sociedade, o trabalho foi separado da educação. A educação está a serviço de um adestramento das forças físicas e mentais dos trabalhadores para que, no exercício de uma atividade qualquer, eles possam sem maiores dificuldades, compreender e executar os comandos, sejam eles diretos ou indiretos. Nesse caso, saber decodificar os comandos simples das máquinas já é suficiente, não é necessário e não lhes é exigido saber a significação do que está lendo ou realizando.

Pensar no trabalho e na educação numa perspectiva transformadora implica na possibilidade de uma formação que abarque a pessoa em sua totalidade, uma educação que supere a visão míope de educar para o mercado, abrindo caminhos para uma educação que contemple os princípios da politecnia. Ao optar por essa proposta de educação é possível ampliar as condições “omnilaterais”, mas tal formação não é de interesse da classe hegemônica, já que coloca em disputa um projeto maior de sociedade que passa, necessariamente, pelo que ensinar e como ensinar na escola.

A educação escolar é uma atividade humana, processo no qual se socializa o conhecimento produzido ao longo da história, de modo a ampliar as faculdades teóricas e práticas que traduzem o ser singular e histórico: o homem concreto.
Nesse sentido, como a educação escolar pode contribuir para a ação transformadora dos filhos da classe trabalhadora? O processo de educação escolar no Brasil traz a marca da dualidade do ensino e romper com essa dualidade será o primeiro passo para se obter uma educação transformadora, bem como a superação da dualidade de classe.

É importante lembrar que a escola, por si só, não dará conta de tal superação, já que estamos inseridos numa sociedade capitalista que se funda na divisão social e técnica do trabalho, exigindo, portanto, o engajamento social e político da classe trabalhadora.

Sabemos que o papel da escola é socializar o conhecimento produzido historicamente, num projeto de educação fundamentado numa determinada concepção de homem e sociedade e que isso deve estar explicitado no Projeto Político Pedagógico. O trabalho, a ciência e a cultura devem ser os pilares desse processo para que tenhamos uma nova sociedade.

Infelizmente, o projeto maior de superação da sociedade de classe passa desapercebido – em geral, pela classe trabalhadora como um todo – na medida em que a busca pela subsistência imediata a impede de assumir posturas políticas e sociais de transformação do status quo.

O 1º de Maio de 2011 não poderia ser apenas mais um dia de festividades, geralmente, financiadas pelos “patrões”, mas ao invés disso, poderia ser um novo marco na histórica resistência da classe trabalhadora, que anseia ver seus filhos e filhas crescendo e se desenvolvendo como homens e mulheres livres para escolherem seus próprios destinos.

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